terça-feira, 13 de abril de 2010

Invisibilidade Social

Um sonho de crinça que ninguém gostaria que se realizasse da forma descrita abaixo. Toda criança um dia brincou de ser invisível ou mesmo desejou possuir invisibilidade. Porém, tal invisibilidade seria voluntária e teria data e hora para acabar.
O assunto a que faço menção neste post não se trata de um desejo, mas de uma realidade cada vez mais próxima e transforma os seres humanos em objetos. Vejamos o texto abaixo:

Invisibilidade social: outra forma de preconceito

Mateus Constantino

Ser invisível é sofrer a indiferença, é não ter importância. Essa maneira de discriminação está cada vez mais inserida na sociedade.


Vivian Fernanda Garcia da Costa
Mateus de Lucca Constantino


A invisibilidade social é um conceito aplicado a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença ou pelo preconceito. No livro “Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social”, o psicólogo Fernando Braga da Costa conseguiu comprovar a existência da invisibilidade pública, por meio de uma mudança de personalidade. Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari na Universidade de São Paulo. Segundo ele, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis, sem nome”. Há vários fatores que podem contribuir para que essa invisibilidade ocorra: sociais, culturais, econômicos e estéticos. De acordo com psicólogo Samuel Gachet a invisibilidade pode levar a processos depressivos, de abandono e de aceitação da condição de “ninguém”, mas também pode levar a mobilização e organização da minoria discriminada.

Massa invisível


Um dos principais causadores da invisibilidade é a questão econômica. “O sistema capitalista sobrevive sob a lei do mais valia, na qual para que um ganhe é imediatamente necessário que outro perca. Desse modo a população de baixa renda é vista como um vasto mercado consumidor, e essa é sua única forma de visibilidade”, explica Gachet.

Para a universitária Sabrina Ribeiro Rodrigues a invisibilid
ade não só é provocada pelo fator econômico. “A educação familiar é determinante para a maneira como as pessoas tratam o outro”, completa. A bibliotecária Marlene Araújo acrescenta ainda que existe preconceito com as pessoas que não estão adequadas aos padrões de beleza. “Se fosse loira, alta e de olhos claros, com certeza me tratariam de outra maneira”, ressalta.
“Para mim o fator econômico não é o principal causador da invisibilidade social, e sim o status que adquirimos diante da sociedade. Se um professor de uma faculdade particular aqui do Brasil estiver em uma faculdade renomada como a de Harvard também se sentirá invisível”, explica a universitária Vanessa Evangelista. Segundo Gachet o preconceito que gera invisibilidade se estende a tudo o que está fora dos padrões de vida das classes hierarquicamente superiores. Muitos são os indivíduos que sofrem com a invisibilidade social, como por exemplo, profissionais do sexo, pedintes, usuários de drogas, trabalhadores rurais, portadores de necessidades especiais e homossexuais.

Conseqüências

A invisibilidade social provoca sentimentos de desprezo e humilhação em indivíduos que com ela convivem. De acordo com Gachet ser invisível pode levar as pessoas a processos depressivos. “‘Aparecer’ é ser importante para a espécie humana, ser valorizado de alguma forma é parte integrante de nossa passagem pela vida, temos que ser alguém, um bom profissional, um bom estudante, um bom pai, uma boa mãe, enfim, desempenhar com louvor algum papel social”, diz. Outra conseqüência dessa invisibilidade é a mobilização dos “invisíveis”, grupos de pessoas que se juntam para conseguir “aparecer” perante a sociedade. Muitos são os exemplos desses grupos: MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra), a Central Única de Favelas (CUFA), fóruns nacionais, estaduais e municipais de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Esses grupos também podem ser encontrados no crime organizado, o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho).
A invisibilidade social já está cotidianamente estabelecida e a sociedade acostumou-se a ela, passar por um pedinte na rua ou observar uma criança “cheirando cola” em uma esquina é algo corriqueiro na vida social, segundo Gachet aceitar isso é violar os direitos humanos. “É preciso não só ver esses invisíveis, mas é preciso olhar para eles e sentir junto com eles, é preciso ‘colocar óculos em toda humanidade’”, finaliza.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Acho o pior deste comportamento discriminatório a violência radical que vai além das vias de fato chegando a linchamentos e homicídios dolosos perpetrados por grupos nazistas e anti-humanos !!!!!!