quinta-feira, 19 de março de 2009

O poder da Igreja Católica - Aborto gera excomunhão automática.


Assunto que agrega os mais diversos tipos de opiniões da sociedade, o aborto foi objeto de intenso debate na mídia nos últimos dias. O tema foi destaque após o fato ocorrido com uma menina pernanbucana de apenas 9 (nove) anos de idade. Segundo informações veiculadas na imprensa a menida vinha sendo abusada sexualmente pelo padastro e acabou por engravidar. Verificou-se que a menina estava grávida de gêmeos e que a gravidez poderia lhe trazer risco de morte. Nesse sentido, a criança foi submetida a um aborto denominado aborto legal, posto que a lei brasileira autoriza o aborto em alguns caso, a exemplo do caso em comento em que a gravidez poderia trazer riscos à saúde da mãe e em razão de ser decorrente de estupro.

Certo é que, o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou a excomunhão de todos os adultos envolvidos na operação que realizou o aborto dos gêmeos, infomando, ainda que não se tratava de uma decisão dele, mas sim de uma situação que se opera automaticamente. A excomunhão, ocorre, pois, imediatamente após a prática do ato que lhe dá ensejo.

Fica uma observação interessante. A Igreja possui um código próprio em que são definidas as condutas reprováveis, mas o que se nota é que vem, ao longo do tempo, perdendo, vagarosamente, o poderia que ao tempo da Inquisição ostentava. Antigamente a Igreja se confundia com a figura do próprio Estado e, após apontamentos feitos por Maquiavel e demais estudiosos políticos, o poder perdeu muito de sua divindade, passando a ser muito mais uma consequência da legitimidade dos que se sujeitavam a ele.

O Arcebispo, na situação ora debatida, sofreu inúmeras críticas de diversos segmentos sociais. A prática do aborto está longe de ser ponto pacífico no seio social, entretanto, não há como fechar os olhos e fingir que nada acontece. Você, amigo leitor, já se posicionou sobre o assunto? É difícil mesmo! Surgem conflitos de ordem cristã, filosófica, legal, social.....

A sociedade civil muitas vezes se esquiva da discussão, deixando a encargo do Estado a responsabilidade de resolver a questão. A Igreja demonstra interesse em continuar atuando na sociedade como um poder similar ao Estado, estabelecendo punições (excomunhão) aos que violam seus dogmas. De fato a Igreja possui uma importância significativa na sociedade, mas sua atuação fica desacreditada quando busca a mídia para se pronunciar de maneira tão polêmica sobre um fato sobre o qual sequer tem conhecimento de causa. Explico. Quando perguntado por jornalistas sobre o nome da criança e se já esteve com ela, o Arcebispo respondeu que nunca esteve com ela e nem sabe o nome da criança. Ora, é no mínimo estranho! O poder não decorre de sensacionalismo. Porque buscar se manifestar na imprensa de forma tão contundente sobre um fato específico sem conhecer a realidade vivenciada pelos que estão envolvidos diretamente nele? Essa é uma das formas de manifestação de poder...

Nenhum comentário: